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Dizimos


O Dízimo

Introdução

O "dízimo" é a décima parte do fruto do trabalho honrado, ou de dádivas concedidas por Deus. Esse preceito foi ordenado ao povo de Israel quando Moisés estabelecia as leis dadas por Deus para o sucesso daquele povo na Terra Prometida. É importante salientar que a entrega do dízimo já existia bem antes de Moisés, mesmo fora do povo hebreu. Alguns povos exigiam de 10% à 20% do trabalho do homem (qualquer trabalho).

Por alguma razão (mais provavelmente por indicação do próprio Deus), porém, não por força de uma lei escrita, Abrão deu o dízimo ao sumo sacerdote e rei de Salém, Melquisedeque. Jacó consagrava o dízimo dos seus ganhos a Deus, conforme pacto voluntário com Deus. Para o povo hebreu (antes da Lei), o dízimo era a maneira de reconhecer o favor de Deus em suas vidas.

Com a chegada da lei mosaica, o povo tinha que respeitar a ordenança do dízimo como um ato de obediência à Lei de Deus para ser abençoado. O dízimo era uma ordem de Deus para as tribos do povo de Israel, os filhos de Jacó.

O dízimo no Antigo Testamento

O povo de Israel era composto por 12 tribos ao saírem do Egito. A terra prometida seria divida pelo número das tribos, exceto uma, a tribo de Levi. Dessa forma ficariam 11 tribos para receber a herança, mas a tribo de José receberia porção dupla, representada por seus filhos Manassés e Efraim. Daí, a divisão das terras continuaria sendo por 12. A tribo de Levi era dedicada exclusivamente aos serviços das coisas de Deus, à ministração na Tenda (ou no Templo), principalmente, mas também à ministração ao povo, estudo da Lei, e ensino ao povo, sacrifícios, organização das festas, e muito mais. Eles deveriam viver dos dízimos trazidos pelas outras tribos.

Nm 18:21 "Eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, o serviço da tenda da revelação".

A prática da entrega do dízimo pelo povo de Israel

Quando o povo de Israel era fiel à lei de Deus também na entrega do dízimo, a tribo de Levi prosperava, e o povo ganhava com isso pois os levitas se multiplicavam pelas tribos e melhor serviam a Deus, e ao povo nas coisas concernentes a Deus. Entretanto, quando o povo era infiel, os da tribo de Levi tinham que buscar outros trabalhos para se manterem, e todo o povo era prejudicado no conhecimento de Deus e no cumprimento do seu serviço. Malaquias fala com severidade sobre a questão, que muito desagradava a Deus.

Ml. 3:8 "Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas."

A entrega do dízimo, por ser lei, não era de cumprimento opcional, mas, obrigatório. Todos os daquele povo, pequenos e grandes, ricos e pobres, todos tinham que cumprir esse preceito. O profeta Malaquias também reafirma as grandes e maravilhosas promessas de Deus para o Povo Escolhido no tocante à entrega dos dízimos.

Ml. 3:10 "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança."

As bênçãos ou maldições provenientes da entrega ou da falta de entrega do dízimo não se concentravam nesse ato. Isto é, apenas por entregar o dízimo a pessoa não era abençoada. O dízimo era parte das leis e ordenanças de Deus àquele povo. O cumprimento de uma ordenança, e o descumprimento de outras, não dava direito às bênçãos. A lei tinha que ser cumprida na íntegra, não em parte. O descumprimento da lei de entrega do dízimo era geralmente seguido de outros pecados daquele povo. O ato de entrega do dízimo era, acima de tudo, um ato de obediência a Deus. Ao ler o profeta Malaquias, o povo percebeu mais uma vez que Deus vê além dos atos exteriores.

O dízimo no Novo Testamento

Em o Novo Testamento, vemos Jesus, que veio para cumprir cabalmente toda a Lei, repreendendo o povo por buscar cumprir apenas a ordenança do dízimo e outros atos exteriores, visíveis aos olhos do próximo. Ele reafirma que o dízimo deveria ser entregue, mas também que haviam ordenanças muito superiores à do dízimo. Jesus conclui dizendo que todos os preceitos da Lei deveriam ser igualmente cumpridos, pois formam a Lei. Indiretamente, estava Jesus dizendo que "quem descumpre um mandamento, preceito ou ordenança da Lei, descumpre toda a Lei", e "quem cumpre apenas alguns dos preceitos se enganam de que está cumprindo a Lei".

Mt. 23:23 "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas."

O dízimo na Lei da Graça

Ao cumprir toda a Antiga Lei (ou Antiga Aliança, ou ainda Antigo Testamento), sendo homem, Jesus a revoga para estabelecer uma Nova Lei (ou Nova Aliança, ou ainda Novo Testamento). Em o Novo Testamento, Jesus liberta o homem do pesado julgo do Antigo Testamento . Já não há lei na forma de ordenanças. Jesus estabelece a Lei da Graça, a Lei do Amor, que é totalmente baseada no amor a Deus e ao próximo:

Jo. 13:34 "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros."

Paulo afirma freqüentemente:

Rm. 13:10 "O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei."Gl. 5:14 "Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo."

Os cristãos de hoje e o dízimo

Onde fica a ordenança de entrega do dízimo no Novo Testamento? Em nenhum lugar. O dízimo não é uma obrigação para aqueles que vivem sob a Lei da Graça. Daí, não há bênçãos para quem entrega o dízimo pensando que está cumprindo a Lei de Deus, nem maldições para quem deixa de entregá-lo. O dízimo é antigo, o novo, é o amor.

E, o que acontece com aqueles que dão o dízimo voluntariamente e em amor? São abençoados! Deus é sempiterno, sua Palavra permanece fiel. O escrito de Malaquias é verdadeiro, as promessas são reais; o escrito em Provérbios 3:9 é verdadeiro para todos os contribuem com fé, amor, e alegria.

Aqueles que foram chamados, e aceitaram a viver sob a Lei de Cristo, tem que cumprir a Lei de Cristo, não a Lei de Moisés. Se nós voltamos para a Antiga Lei para a observar a fim de sermos justificados, ou dela recebermos bênçãos, anulamos a obra de Cristo, como diz Paulo:

Gl. 2:21 "Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão."

Vivamos a Lei do Salvador. O preceito do dízimo é para os filhos de Israel que nascem e vivem na Antiga Aliança. Nós somos de Cristo. Quando observamos a Lei de Cristo, adoramos a Deus e Ele se agrada de nós. Entretanto, se alguém quer seguir a Antiga Lei (anulando o sacrifício de Jesus), que o faça de sã consciência, atentando para o que Paulo diz:

Gl. 3:10 "Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las."

Conclusão

Todos os cristãos devem dar voluntariamente, e em amor, das dádivas que lhes concede o seu Senhor e Salvador. A doação dessas dádivas não precisa ter um percentual, nem um nome com força de lei, mas devem ter a estatura da fé, a profundidade do amor e a largura da bênção que cada um recebe de Deus.

A obra que leva o nome de Deus precisa de ajuda para se manter, para ajudar os necessitados, para expandir a pregação do Evangelho do Salvador. Os que pregam o Evangelho com inteira dedicação, naturalmente, vivem do Evangelho, isto é, daquilo que é compartilhado com eles, voluntariamente. Quem dá com alegria recebe de Deus das suas muitas e multiforme dádivas, não como retribuição, mas como sinal de que aquilo que está no coração do doador agrada a Ele. Que ninguém retenha para si somente aquilo que Deus lhe dá, mostrando que entende o amor de Deus, e a grandeza da Sua obra. Que todos percebam a necessidade da pregação do Evangelho aos que não o conhecem, e contribuam, também com seus bens, para que isso aconteça.

É aparentemente mais fácil pregar a lei escrita, e, é provavelmente mais fácil seguir uma lei assim. Tememos ser amaldiçoados, e desejamos ardentemente receber das dádivas prometidas para multiplicar os nossos bens. O amor, nesse caso, se ausenta; o medo e a ganância afloram. Especialmente em nossos dias, onde reinam a hipocrisia, o egoísmo, a suspeita e o ceticismo; incutir o amor nos corações não é nada fácil. Este é, o maior desafio da Igreja nesses dias. Quanto mais dependermos do Espírito da Verdade que nos conduz a toda sabedoria, tanto mais próximos estaremos da vitória. Parece-me que até lá, carregaremos de novo o fardo da lei.

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